sábado, 2 de outubro de 2010

27º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Entendendo a Palavra de Deus.


O GRÃO DE MOSTARDA, NESTE EVANGELHO, É O SINAL DO REINO DE DEUS.

O Evangelho de São Lucas reúne neste trecho de seu Evangelho dois ditos de Jesus, sem conexão entre si.
O primeiro dito é uma sentença sobre a fé.
Os apóstolos pedem a Jesus que aumente sua fé.
A resposta de Jesus, "Se tivésseis fé", questiona a fé dos apóstolos, concluindo com a comparação com o grão de mostarda.
A mostarda é uma hortaliça que era encontrada em abundância às margens do Lago de Genesaré.
Sua semente é muito pequena, contrastando com a altura de dois a três metros que a planta atinge.
O grão de mostarda é usado, nos Evangelhos de São João, São Marcos e São Lucas, como imagem do Reino, que se inicia de modo imperceptível, porém se tornará amplo e abrangente.
Nos Evangelhos de São Mateus e de São Lucas, o grão de mostarda, enquanto miúdo, é também imagem da fé.
Em São Mateus (17,20), a fé pequena como um grão de mostarda pode mover montanhas. Neste presente texto de São Lucas, de maneira concreta e real, a fé pode até arrancar uma amoreira para ser plantada no mar.
Em ambos os textos o grão de mostarda, como imagem da fé, tem o sentido de que, mesmo com pequena fé, se podem fazer grandes coisas.
O segundo dito é uma parábola, exclusiva do Evangelho de São Lucas, que envolve certa complexidade em sua compreensão.
De início o leitor é envolvido na parábola, levado a se identificar com o senhor que tem um servo ("se alguém de vós tem um servo").
Aí coloca-se em uma posição privilegiada, característica da sociedade elitista e opressora, onde as elites acomodadas se fazem servir pelos mais pobres.
E, ainda, sendo servidas, nada têm a agradecer aos servos, humilhando-os e desprezando-os.
Em seguida, o leitor é convidado a colocar-se na condição de servo.
Depois de fazer tudo o que lhe foi mandado, deverá dizer:
"Somos simples servos; fizemos o que devíamos fazer".
Duas interpretações diferentes podem ser feitas. Como uma crítica, pode ser a expressão da atitude daqueles que, como o "servo", se submetem cegamente à Lei opressora e dominadora, representada pelo "senhor".
Outra interpretação, própria da espiritualidade da humilhação, seria a de que o discípulo deve se submeter às ordens de Deus como um servo obedece ao seu senhor na terra.
Este enfoque fragiliza a opção pelo seguimento de Jesus como uma sedução por seu amor e como uma opção de vida plena e digna para todos.
Diante da opressão e violência (primeira leitura deste Domingo) com as quais os discípulos se confrontam no mundo, o fundamental é a perseverança na fé e no testemunho do amor misericordioso de Deus (segunda leitura deste Domingo).


Pe. Helder Tadeu
SCIO CUI CREDIDI - Sei em quem Acreditei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário