sexta-feira, 24 de junho de 2011

SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA - Entendendo a Palavra de Deus.

A MISSÃO DO PRECURSOR.

O relato do nascimento do precursor tem muitos traços em comum com o do nascimento do Messias. Com isso, o Evangelista São Lucas quer destacar a importância do último profeta do Antigo Testamento, aquele que preparou os caminhos para a inauguração da nova história, o nascimento do Salvador.


a. Deus é misericórdia para os pobres (vv. 57-64)

Há muita alegria na serra de Judá. Isabel, incapaz de gerar filhos, porque estéril, não consegue esconder sua gravidez, completando-se para ela o tempo de dar à luz. Ela e Zacarias, seu marido, eram pessoas de idade e sem esperanças de ver sua vida prolongada na descendência.
A situação desse casal recorda a de outros no passado do povo de Deus, particularmente Abraão e Sara.
A pobreza de Isabel e Zacarias transparece também de outros ângulos: ela não tem quem lhe esteja próximo no período da gravidez a não ser Maria; ele tem emprego garantido no templo de Jerusalém somente uma semana por ano.
Assim, esse casal é símbolo dos empobrecidos de todos os tempos esperando a história tomar novo rumo.
A história vai tomar rumo novo porque Deus é misericórdia para os pobres. O nascimento de João Batista, filho de uma estéril e de anciãos, não é pura casualidade biológica.
É, isso sim, dom de Deus que favorece os empobrecidos. A alegria dos vizinhos e parentes do casal se fundamenta no fato de Deus cumular Isabel com sua misericórdia (v. 58).
Zacarias ficou mudo (e surdo) a partir do momento que realizava as cerimônias no templo.
Com isso Lucas quer sublinhar a novidade contida no nome do filho. Os parentes sugeriam que o menino se chamasse Zacarias, como o pai (v. 59).
Mas a mãe insiste em caracterizar o fato como uma intervenção extraordinária do Deus que é misericórdia para os pobres.
De fato, o nome João – ausente em toda a parentela do casal – significa “Deus é misericórdia”.
E com isso concorda o pai que, sem poder ouvir nem falar, escreve numa tabuinha: “Seu nome é João” (v. 63).
Lendo os fatos com os olhos da fé, podemos garantir que Deus constrói com os pobres nova história.
A geração dos pobres não carrega mais os estigmas do passado (discriminação das pessoas e suspeitas de serem castigados por Deus).
São portadores do amor misericordioso do Deus fiel. E as primeiras palavras de Zacarias são louvores a esse Deus (v. 64).



b. Os pobres preparam a vinda do Reino (vv. 65-66.80)

Há muita expectativa na serra de Judá. Os pobres comentam os fatos.
Vão reconstruindo o tecido da história sob a ótica dos despossuídos e percebendo, através do nome dado ao menino, que o Deus no qual acreditam é o mesmo parceiro aliado do Abraão, dos empobrecidos e marginalizados de todos os tempos: “O temor apoderou-se então de todos os seus vizinhos, e por toda a região montanhosa da Judéia comentavam-se esses fatos.
E todos os que os ouviam gravavam-nos no coração” (vv. 65-66a). Aí, longe dos centros de poder político e religioso (nos morros de nossas favelas) nasce e cresce a história da fidelidade de Deus aos seus pobres.
O pessoal da serra se anima: “Que virá a ser deste menino?” (v. 66b). Para os semitas, o nome sela o programa de vida das pessoas.
João será o anunciador da misericórdia de Deus. De fato, em seu programa Jesus vai dizer: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres” (v. 4,18a). Os pobres preparam a vinda do Reino.
João Batista crescia e se fortalecia em espírito.
E habitava nos desertos, até o dia em que se manifestou a Israel (v. 80; cf. 3,2). A história dos pobres recomeça no deserto, como no passado, longe dos centros de decisão.
É para lá que mais tarde se dirige o povo ansioso por mudanças radicais na sociedade (cf. 3,3-17).


Pe. Helder Tadeu
SCIO CUI CREDIDI - Sei em quem Acreditei.

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