quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Entendendo a Palavra de Deus.

A IMAGEM BÍBLICA NEGATIVA DE EVA FOI SUBSTITUÍDA PELA DA AVE MARIA VIVIFICANTE.

As três Marias” com o “discípulo” representam a parte de Israel fiel a Jesus até o suplício.
Entre elas, seleciona a mãe. Em termos sociais, o filho único, antes de morrer, assegura um destino à mãe (viúva?); recomenda-a a um amigo leal.
O relato aponta além.
Jesus lhe dá o tratamento do v. 2,4; “mulher”; chegou a hora então anunciada. A mãe do rei recebe como nova família, como irmão de Jesus, o discípulo ideal.
Para a tradição antiga, é figura da Igreja mãe.

Colocada no momento mais importante do Evangelho, esta cena deve ter mais do que simples importância filial, isto é, o cuidado de Jesus por sua mãe na hora de sua morte. A única pergunta é: o que esse incidente simboliza?
Há numerosas sugestões. Como esse parágrafo está colocado no contexto de Jesus entregando o espírito (v. 30) e do sangue e água saindo de seu lado ferido com a lança (v. 34), nestes versículos encontramos a imagem simbólica joanina do nascimento da comunidade cristã.
É a hora da glorificação de Jesus - sua elevação - e, quando ele morre, entrega o espírito.
Abaixo dele estão uma mulher e um discípulo, ambos inominados, como que para enfatizar seu caráter simbólico. A mulher pode significar a mãe igreja e o discípulo amado todos os discípulos chamados a seguir a obediência extremosa do Senhor.
Quando à mulher mãe-igreja e à figura do discípulo amado são acrescentados o espírito que Jesus entrega (v. 30), agora que foi glorificado (7, 39), e o sangue e a água, sinais da Eucaristia e do batismo, a comunidade cristã é revelada. Essa sugestão, embora não incontestável, não é exagerada, em especial ao lidarmos com um evangelista tão apegado ao duplo nível teológico como João.

Há até mesmo uma referência sutil à mulher de Gn 3, 15 e à inimizade entre seus descendentes e os da serpente-Satanás. João demonstra interesse pelo Livro do Gênesis. Começando seu Evangelho com a mesma frase inicial e uma referência à criação, ele apresenta um conflito entre Satanás e Jesus (12, 31-33; 14, 30) e fala dos filhos de Satanás (Judas e os adversários de 8, 44).
Se a "mulher" de 19, 26 origina-se de Gn 3, 15, então João reorganizou todos os elementos da história do Gênesis para um evento de recriação: a serpente, a descendência da serpente, a mulher, a descendência da mulher e talvez até o lugar do jardim para "no lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim" (19, 41).
Na verdade, o relato da crucificação não só termina em um jardim (19, 41), mas também começa em um (18, 1) e, entre os quatro evangelistas, é só João que assim o localiza.
Talvez o quarto Evangelho apresente Maria perto da cruz em um duplo papel:

a) como símbolo feminino da mãe-igreja, cuidando deles e sendo cuidada pelos discípulos de Jesus que se tornam seus filhos e, consequentemente, irmãos e irmãs de Jesus. A relação com Jesus não é apenas individual; inclui uma comunidade, uma família de irmãos e irmãs;

b) como mulher da vitória, enfatizando a contribuição feminina para a salvação. A imagem bíblica negativa de Eva foi substituída pela da Ave Maria vivificante.


Pe. Helder Tadeu
SCIO CUI CREDIDI - Sei em quem Acreditei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário